sábado, 25 de maio de 2019

Pesquisadores investigam por que tomar café dá vontade de fazer cocô

Em estudo feito com ratos, cientistas concluíram que, sim, a bebida tem efeito laxante – mas isso não tem a ver com a cafeína.



Para muita gente, aquele maravilhoso cafezinho de toda manhã não desperta só o cérebro — ele também serve para acordar um intestino preguiçoso. Não é novidade que beber café costuma ser um santo remédio para quem tem dificuldade de ir ao banheiro. Mas a ciência nunca conseguiu explicar muito bem o porquê desse efeito laxante. Pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, resolveram investigar a questão mais a fundo.

Eles fizeram isso em ratinhos de laboratório, que tomaram café durante três dias seguidos. Os animais ingeriram tanto a versão normal da bebida quanto a descafeinada. Usando sondas e testes físicos, os pesquisadores examinaram a reação dos músculos intestinais dos roedores e também aplicaram café em tecidos musculares retirados do sistema digestivo dos ratos.

Em ambas as abordagens, houve contração da musculatura dos intestinos grosso e delgado após uma xícara do pretinho. Essa movimentação faz as coisas se moverem mais depressa dentro das tripas — e chegarem mais rápido à porta de saída. “O café tem esse efeito estimulante na mobilidade do intestino, e o mesmo vale para o tipo descafeinado”, explica Xuan-Zheng Shi, principal autor da pesquisa, ao site Gizmodo.

Não foi a primeira vez que um estudo sobre o tema notou o impacto da bebida nos músculos intestinais. Na década de 1990, pesquisadores demonstraram que o líquido parece atuar diretamente na parte final do tubo digestivo, o intestino grosso, também chamado de cólon. Essa mesma pesquisa revelou, porém, que não é em todo mundo que bate a vontade de fazer cocô: só 30% dos bebedores de café relatam a sensação.

Shi e sua equipe mostraram não só que o café estimula a musculatura de outras partes do intestino, mas também que ele interfere no número de bactérias que vivem na nossa barriga – a famosa microbiota intestinal. Eles notaram que o cocô dos ratinhos foi expelido com uma quantidade de micróbios menor que o normal. Para checar se isso era verdade, cultivaram as bactérias fecais em placas de Petri e jogaram café. Não deu outra: elas passaram a crescer menos.

“Isso é muito interessante, porque significa que o café pode ser um agente antibacteriano, inclusive o descafeinado”, disse Shi. Mas, segundo ele, é preciso fazer outras pesquisas – com humanos – para entender de onde vem esse efeito supressor e se ele é benéfico ou não para o organismo.

FONTE: Super Interessante / Abril por A. J. Oliveira

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Após morte de casal por peste bubônica, avião é colocado em quarentena na Mongólia


Casal contraiu a doença ao comer uma marmota contaminada. Fronteira do país com a Rússia tem bloqueio sanitário.

Passageiros de um avião que ia para Ulaanbaatar, capital da Mongólia, foram colocados em quarentena na sexta-feira (3) após a morte de duas pessoas por peste bubônica em Uglii, também na Mongólia.

O casal foi infectado após caçar e ingerir a carne de uma marmota. Um controle de fronteira entre Uglii e a cidade russa de Novosibirsk está fechado para evitar que a doença se espalhe.
Onze passageiros foram encaminhados diretamente para hospitais enquanto 150 foram examinados no aeroporto de Ulaanbaatar, segundo informações da revista "Newsweek". Turistas europeus estão presos na cidade de Uglii, que também está em quarentena.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a peste pode matar em menos de 24 horas se não houver tratamento. A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, que é encontrada em pequenos mamíferos roedores. Conhecida também como peste negra, a bactéria matou mais de 1/3 da população europeia no século 14.

Contaminação

Segundo o jornal local "The Siberian Times", o homem caçou a marmota na região de Uglii e se alimentou da carne do animal junto com sua esposa, que também morreu. Ele tinha 38 anos e sua morte foi confirmada no sábado (27). A esposa, de 37 anos, estava grávida e morreu três dias depois. Os dois eram nativos de Uglii.

"Apesar de ser proibido consumir marmotas no país, o paciente caçou o animal e comeu sua a carne junto com a esposa. A bactéria afetou o estômago dos dois", explica o médico N.Tsogbadrakh, diretor do centro nacional de zoonoses, em entrevista ao jornal "The Siberian Times".

Como a doença é altamente contagiosa, uma equipe isolou a cidade e turistas estrangeiros estão impedidos de sair de lá. O Ministério da Saúde do país afirma que a situação não é considerada crítica, mas que a quarentena na cidade pode durar até 21 dias.

Pelo menos 158 pessoas que tiveram contato com o casal morto estão sob supervisão médica na cidade. A fronteira de Uglii com a cidade russa de Novosibirsk está bloqueada até domingo (5).

O que é a peste bubônica?

A bactéria Yersinia pestis causa a peste, doença que pode aparecer em duas formas: a bubônica ou a pneumônica. Entre 2010 e 2015, foram 3.248 casos relatados em todo o mundo. No século 14, a peste chegou a matar 50 milhões de pessoas na Europa, segundo estimativas da OMS.
Hoje, a maior parte dos casos, segundo a OMS, está no Congo, Madagascar e Peru. No Brasil, o último caso foi registrado em 2005, no Ceará, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Na forma bubônica da peste, os linfonodos — pequenos conjuntos de células do sistema de defesa espalhados pelo corpo — ficam inflamados, formando o que se chama de "bubão pestoso". Em fases avançadas da infecção, os linfonodos inflamados podem se transformar em feridas abertas, com pus.

Se não for tratada, a peste bubônica pode se agravar e se transformar em peste septicêmica. Nesse caso, a bactéria cai na corrente sanguínea e a infecção se espalha por todo o corpo.
A peste também pode aparecer nos pulmões — é a forma pneumônica da doença, a mais grave. Esse é o tipo que, se não for tratado, pode ser fatal entre 18 e 24 horas depois de aparecerem os primeiros sintomas, de acordo com a OMS.

Os sintomas mais comuns são a formação de feridas que soltam pus, além de febre, calafrios e náusea. As primeiras manifestações da doença aparecem entre um e sete dias após a infecção.

Fonte: G1 / Ciência e Saúde
Foto: Internet (reprodução Pixabay)